Meu orquidário |
O dia dos namorados é uma data em que se comemora a união amorosa. Nas redes sociais acompanhei trocas de mensagens com juras de amor, dedicação duradoura, de eternos namorados, quero ser seu colo e tantas outras tão comoventes que dá vontade de gemer.
Li uma mensagem que chamou minha atenção. Uma jovem agradecia o ramo de flores que recebeu, pela manhã, de um anônimo. O encarregado pela entrega foi o porteiro do prédio onde reside, mas o ramo chegou pelas mãos do florista. Sem cartão assinado e selo identificando a floricultura, estava difícil o reconhecimento de fã ardoroso.
Pensou em conhecido do trabalho, do clube, da academia ou outra criatura ainda mais discreta. Do marido tinha certeza que era improvável. Ele não valoriza presentes de flores, prefere que fiquem perfumando o jardim. Ao caminhar pela rua olhava para os homens tentando identificar o autor da impetuosidade. Passou o dia matutando sobre o admirador secreto, que esqueceu de festejar a união com o marido. Incomodado, o esposo ficou indignado com a desatenção da mulher.
A surpresa foi tão adequada para a ocasião que a jovem deixou de reparar na caixa embalada em papel de presente e adornada com laços de fita de cetim, que acompanhava o arranjo de flores. O presente ficou abandonado no canto da sala até sua descoberta. Sentada no chão, abriu a embalagem com impaciência. Aguardava descobrir o mistério. O conteúdo era ousado e inquietante. Imediatamente, Rosa entra nas redes sociais e escreve “agradeço ao admirador as flores enviadas. Só gostaria de entender o porquê das velas, da galinha preta e da farofa?”.