quarta-feira, 24 de junho de 2015

MISTÉRIO DAS FLORES

Meu orquidário
O dia dos namorados é uma data em que se comemora a união amorosa. Nas redes sociais acompanhei trocas de mensagens com juras de amor, dedicação duradoura, de eternos namorados, quero ser seu colo e tantas outras tão comoventes que dá vontade de gemer.  
Li uma mensagem que chamou minha atenção. Uma jovem agradecia o ramo de flores que recebeu, pela manhã, de um anônimo. O encarregado pela entrega foi o porteiro do prédio onde reside, mas o ramo chegou pelas mãos do florista. Sem cartão assinado e selo identificando a floricultura, estava difícil o reconhecimento de fã ardoroso. 
Pensou em conhecido do trabalho, do clube, da academia ou outra criatura ainda mais discreta. Do marido tinha certeza que era improvável. Ele não valoriza presentes de flores, prefere que fiquem perfumando o jardim. Ao caminhar pela rua olhava para os homens tentando identificar o autor da impetuosidade. Passou o dia matutando sobre o admirador secreto, que esqueceu de festejar a união com o marido. Incomodado, o esposo ficou indignado com a desatenção da mulher. 
A surpresa foi tão adequada para a ocasião que a jovem deixou de reparar na caixa embalada em papel de presente e adornada com laços de fita de cetim, que acompanhava o arranjo de flores. O presente ficou abandonado no canto da sala até sua descoberta. Sentada no chão, abriu a embalagem com impaciência. Aguardava descobrir o mistério. O conteúdo era ousado e inquietante. Imediatamente, Rosa entra nas redes sociais e escreve “agradeço ao admirador as flores enviadas. Só gostaria de entender o porquê das velas, da galinha preta e da farofa?”. 

sábado, 13 de junho de 2015

DANÇA CINDERELA

Um jovem casal marca data do casamento. Combinam sobre o bolo, bebidas, doces, salgados e decoração. No dia marcado, a noiva entra majestosa no tapete vermelho sorrindo aos convidados. Quando a cerimônia religiosa termina seguem para a lua de mel. 
No retorno, Neusa informa que assumirá emprego como recepcionista de consultório. O marido, engenheiro formado na USP, discorda da decisão da mulher. Desocupada perambula de carro pela cidade, vai ao shopping, visita amigas. Neusa tem vida folgada. 
A vida segue o rumo. Um dia o marido aproxima de Neusa e sem constrangimento pede divórcio. A separação é inevitável. No tribunal chega a  petição por mãos hábeis do advogado. O cônjugue solicita divisão bens e nega pensão a mulher, que fica desamparada.  
A solução chegou pelas mãos do juiz.  Neusa receberia pensão por dois anos, tempo suficiente para arranjar emprego e fixar profissionalmente.  Sem curso superior, a opção foi trabalhar como caixa de supermercado.
Para diversão prefere festas noturnas. No baile conhece modesto eletricista e excelente dançarino. Nos finais de semana, Neusa se transforma em cinderela. O casal encontra no clube e dançam noite inteira como apaixonados. 

quarta-feira, 3 de junho de 2015

MÉRIDA, CIDADE PRETENSIOSA

Madrid - arquivo pessoal

Este ano viajei no meio do semestre, fato quase impossível. Nesta época a faculdade está a todo vapor, mas como consegui adiantar o trabalho, segui para Espanha. Pela primeira vez participo de excursão. Gosto de programar os lugares a conhecer, os horários e transporte. Inicialmente pensei em cruzar o país de trem, mas os percursos atendidos pela malha ferroviária não satisfaziam minhas necessidades e do Marco. Fomos à empresa de viagem buscar orientação e nos ofereceram um pacote por Andalucía. Aceita a proposta, acrescentamos três dias no final da excursão para conhecer cidades pitorescas próximas a Barcelona, por nossa conta. 
Para a bagagem decidimos usar mala pequena, porque em uma das viagens, Marco voltou com dores nos ombros o que ocasionou três meses de fisioterapia. Coloquei blusas em liganete, calças jeans, sapa tênis, artigos de higiene e poucos badulaques para enfeitar. No dia marcado seguimos ao aeroporto. Depois de 3 horas de conexão em São Paulo, embarcamos no vôo a Madri onde me senti uma sardinha em lata. Além do desconforto das poltronas, o clima dentro do avião era de aproximadamente 15 graus. Após 10h30min. de viagem estávamos exaustos, mas Madri receptiva.
Tábua de sal grosso 
No hotel deixamos as malas no quarto e fomos almoçar. Satisfeitos com o cordeiro assado, servido em tábua de sal grosso do Himalaia, ficamos a passear pelas ruas da capital, que não dorme. 
Voltamos ao hotel porque a guia turística havia marcado reunião com os 16 integrantes da excursão, todos adultos. Gaúchos era a maioria, seguidos de mineiros, goianos e eu a única carioca. Apresentações e recomendações transmitidas, voltamos às ruas da capital para aproveitar as últimas horas de visita. Na manhã seguinte, depois do café matinal, partimos em direção a Sevilha, com uma parada em Mérida. 
Chegando a cidade história de Mérida almoçamos e fomos passear para conhecer as ruínas. Primeiro o imponente e mais alto aqueduto do império Romano construído em meados do século I e II a.C. A descrença popular pela magnitude da obra denominou a estrutura de Aqueduto dos Milagres.
Depois o anfiteatro romano inaugurado no ano 8 a.C. e que esteve enterrado por centenas de anos. Era destinado a lutas entre gladiadores, com animais ferozes e as corridas de touros.  Nunca havia visitado um anfiteatro que tivesse esse fim. Homens destemidos ou movidos pela ambição a desafiar touros e leões. Por último, o teatro romano. Projeto ambicioso que abriga soluções arquitetônicas, decorativas e construtivas adaptadas durante as inúmeras alterações e remodelações sofridas ao longo das décadas e governos. Mas Mérida é movida pela pretensão. Ainda escava seu terreno em busca de outro conjunto arqueológico nas proximidades do anfiteatro e teatro romano. 
Aqueduto - arquivo pessoal
Anfiteatro - arquivo pessoal