quinta-feira, 21 de abril de 2016

PARA ALÍVIO DE CLÁUDIA

Cláudia é mãe de dois meninos nascidos no Recife, capital conhecida como Veneza brasileira, de clima quente e sotaque arretado. 
Henrique e Pedro Paulo tem diferença de quatro anos de idade. Cláudia é preocupada com a educação dos filhos e desempenha, com esmero, a tarefa de ensinar sobre comportamento. 
O mais novo, Pedro, é irrequieto e necessita de mais atenção. Incansavelmente a mãe repete ensinamentos éticos, mas Pedro teima em repetir atitudes reprováveis. Parece provocação. 
Quando Pedro tosse ou espirra a esmerada mãe repete “coloque a mão na boca”. O filho pergunta por quê. A mãe explica “filho preste atenção. Ao espirrar, gotículas de saliva saem da boca. As gotas voam pelo ar e atingem as pessoas próximas, o que é anti-higiênico”.
Um dia vai ao médico. Coloca a camisa, short, meia e tênis. O perfume fazia questão. Enquanto aguarda a mãe aprontar, senta no chão e brinca. Cláudia adverte “saia do chão que irá sujar a roupa”. Pedro, de má vontade levanta. 
Saem do apartamento. Mãe e filho seguem para o elevador, onde haviam outros moradores. Pedro, que parece gostar de contrariar a mãe, indaga “mãe, quando a gente solta pum, também deve colocar a mão no bumbum?” Para alívio de Cláudia, o elevador chega ao destino. 

sexta-feira, 1 de abril de 2016

OMITEM O PRINCIPAL
Beto está noivo e toda vez que o casamento se aproxima força um desentendimento, desmarca as núpcias e desaparece por algumas semanas.  
Um dia estava trabalhando e foi à sala ao lado entregar um documento. Ao adentrar no recinto só enxerga a bela jovem. Gosta do que vê. Fixam olhares e sem nada dizer, Beto entrega o envelope à moça. 
As idas e vindas à sala da jovem passa a ser hábito frequente e surge amizade alegre entre eles. Após algumas semanas, ao final do expediente, convida a moça para irem ao bar. Mas, Beto continuava noivo, pois desconhecia os verdadeiros sentimentos por Maria. 
Em um dos encontros Maria fala da vida pessoal. Conta sobre interesses, vontades, viagens e outras besteiras. Omite o principal. Beto comenta sobre a vida e também salta o básico. Ambos têm segredos e sentem que não é momento para revelar.
O tempo passa até que decidem confidenciar suas realidades. Maria conta que é viúva e tem quatro filhos. Beto engasga e precisa levantar da mesa. Vai ao banheiro para disfarçar o constrangimento. Volta. Senta e ainda assustado, desconversa e despede de Maria, que fica só no bar.  
Afasta da jovem viúva temendo maior envolvimento, compromisso e responsabilidades. Descobre que está amando Maria. Marca novamente casamento. Agora é definitivo. Precisa formar laço mais forte com Verônica, a noiva. 
Passados dois meses, morre a avó de Beto e lá está Maria no velório. Ela foi designada para representar a empresa onde trabalham. Beto, de braços com a noiva, vai em direção à colega de escritório para agradecer a presença. Segura sua mão.Verônica observa os dois. Beto e Maria mal conseguem disfarçar. Discretamente, a noiva afasta de Beto sem deixar vestígios, para nunca mais voltar.