sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

VISIVELMENTE IRRITADO

Estou exausto. Havia trabalhado muito durante o dia. Após terminar todas as atividades, passo no shopping para tomar café com pão de queijo. Permaneço na lanchonete cerca de uma hora, checando os recados do celular e observando os passantes com sacolas recheadas de presentes natalinos.  
Após breve descanso, sigo ao caixa do estacionamento mais animado e vou ao local onde está minha moto. Ao aproximar estranho a ausência do veículo. Sinto súbita aflição ao pensar na perda de transporte tão útil, além do mais, de grande estima.  
Apreensivo, chamo o guarda da garagem e reclamo sobre o ocorrido. Estou indignado e questiono ao homem sobre a falta de segurança do shopping. A raiva eclode quando o guarda garante que naquela vaga não havia parado nenhum veículo. Quero tirar dúvidas e exijo ver as imagens das câmeras. Educadamente o homem me conduz até o recinto onde trabalha o chefe. 
Falo alto, gesticulo e explico o caso. Sem questionar, o administrador revela as imagens. Concluímos que nenhuma moto saiu do estacionamento. Pondero “uma camionete pode ter parado ao lado do meu veículo e a colocou no bagageiro. Sem que ninguém percebesse carregou a moto”. Revejo as imagens e constato que este também não foi o caso. 
Comunico que vou pedir indenização. Saio do shopping aborrecido e vou a delegacia fazer boletim de ocorrência. 
No dia seguinte, pela manhã, telefona o administrador do shopping “Sr. Raul sua moto foi encontrada. Pode vir buscar”. 
Sem compreender o ocorrido vou ao centro comercial. Encontro o administrador e ele descreve “O senhor estacionou a moto no número da vaga mencionada, porém no 2º andar”. Envergonhado, peço desculpas pelas grosserias e monto na moto exultante de contentamento. 

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

NA BOATE TAMBÉM

As primas quando estão juntas sempre organizam passeios. Desta vez, combinam ir a boate encontrar com amigos da faculdade. Passam o dia escolhendo roupa, adereços, cuidando das unhas e cabelos. 
À noite chega e entusiasmadas seguem no carro da Amanda em direção ao destino. Os amigos as aguardavam preocupados com a demora das jovens. O encontro é esfuziante. A música toca alto e juntos dançam no salão, após tomarem drinques.  
Algumas horas mais tarde, Kátia vai ao banheiro retocar a maquiagem. Aproveita para esvaziar a bexiga. Ao sair do recinto, segue bailando de volta ao salão. 
O cansaço chega às quatro horas da manhã. As primas decidem voltar a casa e chamam o garçom para encerrar a conta. Kátia, somente agora, descobre que esquecera a bolsa no banheiro. Vai apavorada ao sanitário e não encontra os pertences. Na gerência, ninguém viu. 
Amanda, por sua vez, tem o hábito de sair sem bolsa. Coloca seus documentos e chave do carro na carteira de uma colega. Dessa vez não foi diferente. As duas solicitam ajuda de um colega para acertar a conta na boate e pede que as leve em casa para pegar chave reserva. 
Sua genitora já havia alertado a filha, sobre levar sua própria bolsa com os documentos, quando vai as baladas. Ela teima em seguir seus próprios instintos.
No dia seguinte, Amanda decide ir a polícia fazer queixa. Pede ajuda a mãe, que recusa e diz “já falei que saia com seus pertences em mãos e você nunca escuta. Agora vá sozinha resolver os problemas. Não é mais criança que necessite que eu esteja ao lado, guiando seus passos. Quando quis ir a boate foi sozinha. Por que agora precisa da minha companhia?” Amanda contesta “na delegacia tem muitos homens”. A mãe contradiz “na boate também”.