A manhã está tranquila. Sônia, a filha, está pronta para a entrevista com o advogado, até que sua mãe telefona e comunica “venha correndo que seu tio está morrendo”. Imediatamente pega o carro e vai a socorro do tio.
A UTI móvel já havia chegado e faz os primeiros procedimentos de urgência. Quando Sônia entra na casa escuta “ela chegou e sabe tudo”. Imediatamente é bombardeada pela médica, com perguntas sobre a saúde de José, remédios usados, alergias e o convênio de saúde.
Sônia precisa estar lúcida para atender as demandas da equipe de saúde e da família. Enquanto responde, observa o tio inerte. Precisa silenciar a mãe que está angustiada, afastar o pai que atravanca a porta do quarto e tranquilizar a tia que queria ver o irmão.
Enquanto os procedimentos são realizados pela enfermagem, a médica faz contato com a central da empresa para identificar um hospital conveniado e com vaga na UTI. A eminência de morte é fato. Todos estão atordoados, como baratas tontas, e o paciente só responde ao estímulo de dor.
José é colocado na ambulância. Sônia entra no veículo, senta no banco da frente e amarra o cinto de segurança enquanto escuta a médica ordenar ao motorista “siga para o hospital e ligue a sirene da ambulância”. O veículo parte em alta velocidade, avança entre o tráfico intenso, fura os semáforos vermelhos, trafega pelos acostamentos e aciona outra sirene. Sônia sente medo.
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