segunda-feira, 30 de novembro de 2015

SERRA, SERRA, SERRADOR...

Maristela é a primeira neta por parte dos seus avós. Nasceu ruiva com olhos de mel. É graciosa, gentil, inteligente e educada. Estuda nos colégios mais conceituados de Ribeirão. Para distrair lê contos infantis, desenha, faz ballet e brinca com as amigas. 
Tem um irmão que é moreno claro, parecido com o avô. A mãe queria outros filhos, mas por problemas de saúde precisou contentar com dois. Enquanto sua irmã tem trigêmeos. 
A tia é irmã mais velha e mora no triângulo mineiro. Sempre que há oportunidade vai ao seu encontro. Esta é casada com Ricardo, homem ríspido e, para os parentes, de confiança. Toda vez que a família decide viajar para casa da tia, a menina fica apreensiva e tem crises de choro. 
Apesar de severo, quando Maristela chega de viagem, o tio fica visivelmente transformado. Dizem que queria ter tido uma filha. Brinca com a molecada, passeia de carro, leva ao parque e compra sorvete. Toda vez é a mesma coisa. Enquanto está junto com os meninos, Maristela aproveita o momento, porque sabe que Ricardo usa argumentos para ficar sozinho com ela. 
 À noite o tio conta histórias infantis, canta e a convida para comer jujuba. O restante da turma fica brincando na sala ao lado. A espontaneidade de Maristela fica sufocada porque sabe que o tio não tardará a cantar “serra, serra, serrador, quanta madeira você serrou...” No momento da canção o homem pega sua cintura e a coloca encaixada em sua intimidade. 

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